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Outro dia eu recebi um email do Hotmail (sim, ainda tenho uma conta Hotmail que completará 30 anos de existência em 1995), como algumas fotos de anos atrás. Uma delas é essa onde estou em um kart em Belo Horizonte, fechando a turnê da banda americana de punk-rock ou mais precisamente, Krishna-Core, o hardcore com influências orientais relacionadas ao hinduísmo.


Você Já Foi Tradutora de uma Banda de Krishna-Core? Eu Fui!

A banda Shelter foi ao Brasil pela primeira vez em 1997 em uma turnê de uns 15 dias em cidades como Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Santos e Belo Horizonte. E eu no auge dos meus 19 anos fui a tradutora oficial da banda, convite feito pelo querídisso Cacá Prates, amigo do meu pai e com muitas histórias de rock and roll e estrada.


Segundo a minha irmã Mariana, eu sou uma espécia de Forrest Gump. Eu tive tantas expeiências interessantes e loucas em minha vida, mas acho que essa está no top 5 da parada "best moments of my life". Não somente porque viajei pelo Brasil em uma turnê de quando a banda explodia na MTV, mas pela experência espiritual e literalmente transcendental que tive no primeiro press-conference da banda no Rio em um templo hindu no Alto da Boa Vista. Essa experiência, foi um misto de alegria e gratidão que nunca havia presenciado. Após uma dança no ritmo energético hare-krisna, eu saí do meu corpo e flutei pelo salão como se tivesse há 3 dias a cantar e dançar. Ao voltar para o meu corpo físico, estava a chorar junto com o meu pai e o responsável pelo templo. Não, não teve bebidas nem drogas. Foi puro êxtase e música mesmo.


Você Já Foi Tradutora de uma Banda de Krishna-Core? Eu Fui!

Isso foi o primeiro dia dessa experiência, recheada por outros momentos vivenciando a estrada - no caso, avião rs - rock and roll. Teve João Gordo rindo de mim porque o vocalista pediu para eu traduzir um discurso de contra violência no show de Santos e por isso, ganhei uma cusparada de um fã revoltado. De conhecer em cada cidade um templo hare-krisna e provar a sua comida deliciosa. De criar uma amizade querida com o baixista que amava escutar os K7 de bandas brasileiras de rock que ele recebia de seus fãs e que morria de medo de avião que nem eu. De uma vez quase perder o ônibus com a banda porque o segurança me confudiu com uma fã. De dar muitas gargalhadas com a querida Silvia (RIP). De aproveitar os quartos de hotel só para mim. E de até mesmo ter algumas rusgas com o vocalista (sim, este rapaz acima, onde depois de uma dessas rusgas, tiramos essa foto).


Obrigada meu velho amigo Hotmail por me fazer recordar. Obrigada vida por esses momentos. Mais uma checked na lista e mais uma história Forrest Gumpiana para contar.

 
 

Olá, eu sou Rita Avellar e estou há 49 dias sem falar sobre câncer.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

Mas hoje, eu vou falar sim. Há um ano atrás eu estava tocando o meu primeiro sininho terminando a quimioterapia, a primeira e longa etapa do tratamento. Eu comecei falando aqui que estou este tempo todo sem falar sobre o câncer, porque realmente desde o início do tratamento eu nunca deixei o câncer ser parte de mim, ou seja nunca achei que essa doença me define como pessoa. Claro, falar abertamente sobre o câncer nas redes sociais me ajudou muito durante tratamento. Não só me ajudou, como também ajudou a motivar outras pessoas que estavam passando pela mesmo desafio. Mas hoje em dia quando eu olho tudo que passei, eu mesmo não acredito que passei por isso.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

Nesta semana estava conversando com a minha terapeuta de como é estranho olhar para algumas fotos e me ver careca. Não me entenda mal, eu até gostei de ficar careca e curtir a facilidade de não ter cabelos. Mas quando estava sem cabelo careca e olhava as minhas fotos com cabelo longo, não me reconhecia mais. Como se eu não reconhecesse aquela pessoa mais. E agora acontece o mesmo. Quando eu olho fotos minhas careca, não reconheço mais. E é isso. Não reconhecer aquela pessoa que passou por uma doença tão esquematizada, e que ainda assombra muita gente que recebe esse diagnóstico.


Como disse, o câncer não me define como pessoa. Mas não posso deixar de celebrar cada etapa ou data. Primeiro, por ter vencido essa batalha e também por eu ter aproveitado, sim aproveitado, as experiências com que esse desafio me trouxe. Ontem na sessão de terapia, listei algumas das experiências adquiridas com essa jornada. São muitas, acho que nem cabe aqui relatar uma a uma, até porque isso é um caminho muito pessoal. Mas de fato quando a vida te dá uma situação dessa ou você escolhe aprender e crescer ou você fica reclamando e estagnado. E aí, adivinha? A vida pode te surpreende de novo com mais algum desafio. Então, eu escolhi crescer.


49 Dias Sem Falar Sobre Câncer

A todos amigos que passaram por essa, tamu junto! Não é mole não, mas há luz no fim do túnel. A todos amigos que começaram recentemente ou vão começar essa jornada, segurem firme. Como disse para mim mesmo e digo para vocês também, já deu certo.

 
 
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