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Desde a compra do primeiro sutiã, à ida à praia usando agora “top”, aos anos de adolescência na escola, aos desenhos caricatos que fazia de mim mesma (ou que outras pessoas faziam de mim), eu sempre fui a do peitão.

Do peitão à cerejinha
2011 e meu primeiro ensaio boudoir <3

Quando as próteses de silicone se popularizaram no Brasil — lá pelo início dos anos 2000 —, em um banheiro de cinema, ouvi duas mulheres comentando sobre o exagero no tamanho dos silicones. Ao sair da cabine para lavar as mãos, elas pararam de falar. Talvez tenham pensado que eu também tinha silicone, de tão grandes que eram os meus seios.


Já ouvi de alguns ficantes perdidos por aí que lembravam dos meus peitos desde a época da escola. Encontrar uma camisa social que funcionasse com minhas costas pequenas e peitos grandes sempre foi um suplício. Cortininha? Nem pensar. Ficar sem sutiã? Doce ilusão. Fui levando esses peitões comigo na vida, com a ideia de um dia, quem sabe, reduzi-los — mas sempre como um pensamento distante. Afinal, eu morria de medo de cirurgia.


Hoje, depois de quatro cirurgias (e indo para a quinta em dois dias), até dou risada desse medo.

Do peitão à cerejinha
Aos 14 anos de idade

Ter peitão, assim como ter um nariz avantajado, uma boca assim-assado, uma perna de tal jeito, acaba sendo parte do seu “eu”. Pode parecer bobo, talvez, mas eu — Rita, com peitão — sou uma. E agora, essa nova versão que está se formando, que carinhosamente chamo de “cerejinha”, é definitivamente outra. Não é melhor nem pior. É simplesmente diferente.

Essa nova versão exigirá novos tops, momentos “sem sutiã” (que eu sempre sonhei), novos decotes. Talvez seja mais ousada — não sei. Diferente, com certeza.


Na primeira vez que recebi o diagnóstico de câncer de mama, em 2022, a primeira pergunta foi: “Vou ter que tirar os peitos?” Quando a oncologista disse que não — pois no meu caso o percentual de retorno era o mesmo tirando ou não — optamos pela lumpectomia (a retirada apenas do restante do nódulo que ficou após a quimio). Fiquei aliviada. Ainda estava apegada aos meus peitões. Sabia que precisaria reduzi-los, mas isso... bem, isso eu até queria mesmo. Continuei com eles ali, firmes, parte da minha identidade peituda.

Do peitão à cerejinha
Aos meus 20 anos

Quando o câncer voltou em menos de dois anos, a única cirurgia possível era a mastectomia. Inicialmente seria nas duas mamas, mas depois optou-se por remover apenas a direita — onde o câncer apareceu tanto da primeira quanto da segunda vez. Entrei em pânico.


Só comecei a me acalmar quando entendi as possibilidades de reconstrução e vi que poderia continuar com seios que ainda representassem minha “personalidade peituda” — não mais peitudona, mas com “respeito”.

Do peitão à cerejinha
A descrição de mim feito pelo marido

A mastectomia unilateral aconteceu, e o processo de recuperação foi intenso. Junho foi um mês complicado e delicado por conta da minha pele, que já havia sido irradiada e estava sensível como uma folha de papel. Tive que passar por duas cirurgias de urgência num intervalo de apenas dez dias. E aquele peitão foi reduzido pela metade, até virar a tal cerejinha.

Ainda não coloquei a prótese final. Estou com o expansor que prepara a pele para a prótese definitiva. O outro peito continua lá, do passado, o peitudão, e também passará por uma cirurgia para acompanhar o tamanho da cerejinha.

Já chorei com esse processo? Com certeza! E ainda estou tentando entender quem é essa nova Rita, do peitinho.

Mas agora dou boas-vindas a essa nova mulher: peituda nas atitudes e na coragem, mas com um peitinho — que, graças ao lifting de um lado e à prótese do outro, ficarão empinadinhos por um bom tempo, dizendo: “Eu venci.”

 
 

Ah, querido Tetris… que mensagem sábia você nos ensinou. “Se encaixar” parece inofensivo, mas esse desejo pode aparecer até nas mentes mais bem resolvidas e terapeutizadas.

O Tetris me ensinou que, quando você tenta se encaixar, você desaparece.

E não se trata só daquela velha história dos pais que esperavam que você seguisse outra carreira ou estilo de vida. É tentar se encaixar na ideia de parceiro ideal de alguém. É forçar-se a curtir eventos de pintura com vinho com um grupo de amigos, quando você mal aguenta estar ali. É tentar se moldar a um cargo que exige um comportamento mais agressivo, quando isso simplesmente não é você.


Se encaixar — quando vai contra quem você realmente é — dói. Dói muito.


Porque quanto mais você tenta se encaixar, mais você começa a desaparecer.Assim como no Tetris: quanto melhor as peças se encaixam, mais rápido elas somem. Puf. Sumiu.


Mas aqui vai um lembrete importante: se encaixar não é o mesmo que ser flexível ou ter mente aberta. Crescer, mudar, experimentar novas possibilidades — isso é incrível. Mas se encaixar à custa de quem você é? É um apagamento lento da sua identidade.


O Tetris me ensinou que, quando você tenta se encaixar, você desaparece.

Cada vez que você se diminui para atender às expectativas dos outros, você se afasta do seu verdadeiro eu — dos seus sonhos, do seu propósito.


Todos nós viemos a este planeta com um motivo. Às vezes leva uma vida inteira para descobri-lo — mas quanto mais você desaparece, menos chance o mundo tem de conhecer quem você realmente é.


E você importa. Sua história importa. Então, por favor… não desapareça.

 
 

Quantas vezes você já redesenhou o seu caminho? A minha vida está longe de ter seguido uma linha reta—e é exatamente isso que a torna única.


Ao longo dos anos, usei muitos "chapéus", cada um fazendo parte do tecido da minha jornada criativa. Aqui vão alguns exemplos:

Quantas vezes você remodelou seu caminho?

  • Tradutora de uma banda em turnê pelo Brasil

  • Assistente de figurino de um filme americano gravado no Rio

  • Gerente de marketing de marcas de moda

  • Tendo trabalhado em empresas multinacionais como Nabisco e Sony Music

  • Blogueira de moda por 5 anos

  • Host em um bar gay super animado

  • Produtora de moda

  • Professora de inglês no Rio

  • Fundadora de uma marca pop-up para novos estilistas

  • Apresentadora de TV de moda

  • Dona de agência de marketing de conteúdo

  • Health coach

  • E atualmente: cineasta, escritora, coach, foodie, educadora e dona de vários negócios.


É muita coisa, né?


Mas a verdade é que cada papel me revelou um novo pedaço de mim.


Reinvenção virou o meu ritmo. Cada trabalho, cada mudança, cada desafio me ensinou algo novo—sobre mim mesma, sobre criatividade, sobre resiliência. E cada passo me trouxe até aqui, como contadora de histórias.


A vida não é sempre previsível. Ela muda, se dobra, surpreende. Mas existe poder no caos, e beleza no processo.


Quero te lembrar: o seu caminho não precisa ser reto para ser valioso. Sua história—por mais inesperada que seja—tem valor.


E agora te pergunto:

Você se enxerga um pouco nessa jornada? Se sim, compartilha comigo. Vamos celebrar as reviravoltas, as reinvenções e os caminhos seguidos com o coração. Deixe um comentário abaixo ou manda uma mensagem aqui.

 
 
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