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Ah, querido Tetris… que mensagem sábia você nos ensinou. “Se encaixar” parece inofensivo, mas esse desejo pode aparecer até nas mentes mais bem resolvidas e terapeutizadas.

O Tetris me ensinou que, quando você tenta se encaixar, você desaparece.

E não se trata só daquela velha história dos pais que esperavam que você seguisse outra carreira ou estilo de vida. É tentar se encaixar na ideia de parceiro ideal de alguém. É forçar-se a curtir eventos de pintura com vinho com um grupo de amigos, quando você mal aguenta estar ali. É tentar se moldar a um cargo que exige um comportamento mais agressivo, quando isso simplesmente não é você.


Se encaixar — quando vai contra quem você realmente é — dói. Dói muito.


Porque quanto mais você tenta se encaixar, mais você começa a desaparecer.Assim como no Tetris: quanto melhor as peças se encaixam, mais rápido elas somem. Puf. Sumiu.


Mas aqui vai um lembrete importante: se encaixar não é o mesmo que ser flexível ou ter mente aberta. Crescer, mudar, experimentar novas possibilidades — isso é incrível. Mas se encaixar à custa de quem você é? É um apagamento lento da sua identidade.


O Tetris me ensinou que, quando você tenta se encaixar, você desaparece.

Cada vez que você se diminui para atender às expectativas dos outros, você se afasta do seu verdadeiro eu — dos seus sonhos, do seu propósito.


Todos nós viemos a este planeta com um motivo. Às vezes leva uma vida inteira para descobri-lo — mas quanto mais você desaparece, menos chance o mundo tem de conhecer quem você realmente é.


E você importa. Sua história importa. Então, por favor… não desapareça.

 
 

⚠️ Aviso: Este texto pode conter gatilhos. Traz assuntos sensíveis e pode te fazer refletir.


Quem me conhece—quem realmente conviveu comigo, amigos, família ou até quem já viu meu mapa astral—me descreveria como “enérgica”, “apaixonada”, “trabalhadora”. Ninguém do meu círculo íntimo diria “calma”, “fofa” ou “zen”. Definitivamente, não sou eu.

Ou eu paro e descanso, ou eu paro e descanso

Paciência? Tô tentando desde sempre. Procrastinação? Essa palavra nem combina comigo. Sou do tipo que faz. Sempre com um novo projeto, uma nova ideia. Sinto que, se não coloco pra fora, explodo de tanta energia acumulada.


Meditação? Gosto, por 5 minutos. Yoga? Amo, mas que seja acelerado. Essa sou eu. Negar isso não ajuda em nada.


E além disso, gosto de controlar tudo. Não os outros, mas a mim mesma: minha rotina, minha saúde, meu tempo. Chato, eu sei.


Agora junta tudo isso: energia + mania de controle… Acrescenta limitações físicas, 95% do tempo em casa, dependendo de alguém pra fazer quase tudo que eu fazia sozinha, por pelo menos seis semanas, mais os medos que batem:


“Será que minha pele vai cicatrizar bem?”

“Será que ainda poderei fazer a reconstrução?”

“Quanto tempo vai levar pra eu voltar à vida ativa?”

“Quando vou conseguir levantar o braço direito de novo?”


Perguntas simples sem respostas fáceis. E a única certeza que tenho é: eu preciso de paciência. Justo o que me falta.


Eu estava indo muito bem nesse segundo tratamento—como no primeiro. Estava até me recuperando rápido da mastectomia unilateral. Mas aí minha pele, por causa da radioterapia passada, resolveu não colaborar. Duas cirurgias inesperadas em menos de duas semanas depois… e me vi aqui, nesse momento reflexivo da vida.


Sim, tive meus dias de “coitadinha de mim”—já passaram. Tive (e ainda tenho) dias tristes. Mas estou lidando: sessões de terapia, recursos espirituais, ouvidos da minha mãe e do Alan (obrigada e desculpa!).


Eu sei que daqui a alguns meses vou reler isso e pensar: “Por que eu tava surtando? Tá tudo certo agora.”Mas aproveitar a jornada cheia de buracos no caminho é difícil… e minha bunda já tá cansada.


Eu só quero chegar no destino final—com seios novos, boas notícias e independência total. Será que é pedir demais?


Aparentemente, sim. Mas dessa vez não tem alternativa.


Ou eu paro e descanso, ou eu paro e descanso. Ponto.


Pode parecer bobo, mas colei um post-it no meu laptop escrito “DESCANSAR”. E ainda coloquei alarmes durante o dia pra me lembrar dessa missão quase impossível: simplesmente relaxar. Ommmm.


Ou eu paro e descanso, ou eu paro e descanso

 
 

Desde que descobri o câncer de mama em 2022 e, agora, novamente me encontro em tratamento para um tumor que resolveu dar as caras, me questiono sobre como é (con)viver entre alegrias e tristezas. Celebramos o aniversário de alguém querido e, no dia seguinte, choramos diante de um resultado negativo? Compartilho que me sinto melhor e mais disposta, enquanto minha querida avó está há mais de dois meses no hospital, em estado delicado, após um atropelamento? Dou risadas com as fofurices do meu cachorro enquanto o mundo se divide de maneira estranha e forças ainda mais esquisitas espalham medo e ódio?


Desde que descobri o câncer de mama em 2022 e, agora, novamente me encontro em tratamento para um tumor que resolveu dar as caras, me questiono sobre como é (con)viver entre alegrias e tristezas.


Não é fácil.


É possível nos dividirmos em dois? Um "eu" para lidar com as tragédias, outro para aproveitar as alegrias, sem que um esbarre no outro? Ou simplesmente coexistimos nessa dualidade? É assim que me sinto a cada dia. E, junto a isso, um misto de culpa, talvez? Mesmo sabendo que não posso – e nem tenho a responsabilidade – de curar as dores do mundo, fica aquela pergunta persistente: o que posso fazer para ajudar?


Outro dia, durante uma super power aula de Kundalini Yoga – na qual agitamos nossos corpos por 50 minutos em um ritmo frenético e alegre –, ao final, a instrutora nos propôs um mantra em homenagem à mãe de uma das alunas que havia falecido. Ela explicou que o mantra poderia ser feito até 17 dias após a partida de alguém, ajudando tanto na transição da pessoa que se foi quanto no conforto de quem ficou. E assim fizemos, todos juntos, para a aluna e sua mãe.


Quando a aula terminou, senti uma vontade imensa de abraçá-la. Não somos amigas, mal nos conhecemos – apenas a vi algumas vezes na aula. E, para quem me conhece, eu sou zero abraços. Me autointitulo “Horacinha” porque tenho os braços curtos e nunca sei bem como abraçar. Mas, naquele momento, esse gesto foi muito além de mim. Foi uma necessidade que veio de outro lugar.


Fui até ela, com os olhos cheios de lágrimas, estendi meus “bracinhos” e nos demos um longo abraço.


Naquele instante, senti que era possível coexistir nesse universo paradoxal, onde alegria e tristeza, de alguma forma louca, se ajudam. E assim seguimos, tocando a vida.


Ajude Rita Avellar em seu tratamento contra o câncer de mama.
Como você pode me ajudar no tratamento contra o câncer? Clique na imagem acima.

 
 
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